jueves, 5 de marzo de 2009

MUSULUNGO


Musulungo, durante alguns anos tu foste o nosso brinquedo favorito. Tão macio quanto traquinas. Estou a escrever em português para ti, Musulungo, porque as minhas palavras não chegarão até onde tu estás, o talvez sim. Quem sabe! Quero misturar o português contigo, Musulungo, eu sou assim de engraçada. O que tem a ver un gato cubano com a língua portuguesa? Pura e simplesmente, nada.
O médico foi quem disse que a causa daquela esquisita alergia que sofria o meu irmão estava na origem do gato. O problema era sério de mais, Musulungo. Não havia solução possível, não podias continuar em casa.
Uma manhã, pulaste para o carro do meu pai, e vimos como te afastavas de nós. Levou-te muito longe e voltou sozinho. Ninguém perguntou nada.
À noite, apanhámos uma bela surpresa. Voltaste.
Assim dia após dia. Noite após noite. Mas, dis-me lá, Musulungo, por acaso, tu não percebias que aquilo não tinha nada a ver com o amor? Pois claro que te queriamos, meu querido, só que não podia ser. A vida é confusão, Musulungo. Queres, querem-te, mas não é preto ou branco, é muito mais complicado do que isso. Os animais é que não são assim, mas as pessoas.
Onde é que estava o teu instinto, Musulungo? Ah! eu sei. Era o teu instinto o que fazia com que tu voltasses cada noite, até que no fim, percebeste o que se passava e foste embora. A meio do caminho, olhaste de soslaio para nós. Eu adivinhei um sorriso amarelo. Não pude ouvir o teu último MIAU.
¿Porquê é que eu me lembrei hoje de ti, Musulungo? Vinha no autocarro e tive imensa saudade de ti.
Mas não é só de ti que eu tenho saudade Musulungo.
MIAUUUUUUU!!

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